O título parece de manual de auto-ajuda, mas não é! Pelo contrário! Com ensinar seus pais a gostarem de livros para crianças, do francês Alain Serres, ilustrado por Bruno Heitz, é uma divertida história sobre como os livros infantis falam com as crianças. História de verdade, que fala com a criança e a coloca como seujeito, neste caso, de sua leitura. Não são os pais quem determinam o que a criança deve ler, mas ela própria. Por isso o título. A criança é a protagonista e ao mesmo tempo a leitora de Com ensinar seus pais a gostarem de livros para crianças, ao contrário do que pode parecer o título. Um livro para ser lido por pais para seus filhos. Crianças que se divertem e se emocionam com a fantasia, os fatos da vida - como miséria, morte e sexo - e as possibilidades de afeto que as boas histórias lhes dão. Ninguém pode negar que eles adoram ouvir histórias de seus pais e que estes são seus melhores leitores. O que Serres, com a ajuda de divertidas ilustrações, quer é mostrar aos pais que eles também podem curtir este momento. Faz isso sem os didatismos comuns nos últimos tempos, em que a ameaça da internet e de sua linguagem virtual sobre o mundo dos impressos fez entrar na moda as histórias para crianças que falam de livros e da importância da palavra escrita. A causa é justa, o esforço é louvável, mas quase nunca causas politicamente corretas rendem boas histórias. Mas com certeza o livro de Serres, publicado no Brasil pela nova Editora Pulo do Gato, foge a esta regra. Com ensinar seus pais a gostarem de livros para crianças é um belo livro para quem, como eu, gosta de histórias e gosta ainda mais de ver as caras e bocas que elas provocam nos pequenos leitores-ouvintes. É ainda mais um belo livro para quem, como meus filhos, ama ouvir seus pais lendo aventuras que falem sem medo das coisas da vida. É esta magia, alimentada pelo afeto e pela fantasia, que faz valer a pena o esforço de quem se dedica a mediar a leitura de uma criança, seja ela seu filho ou não. Pela delicadeza e humor com que Serres trata esta relação entre pais e filhos leitores, faço de sua história minha homenagem ao Dia Nacional do Livro, comemorado dia 29 de outubro.
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Todos os dias ele lê tudo sempre igual
É isso aí que você está vendo, mesmo! Vou falar mais uma vez de Pé de Cabra, Asa de Sapo, de Rafael Soares de Oliveira. A razão é simples: há mais de um mês, sem exageros, leio todos os dias o livro para o Antônio. A escolha, apesar da qualidade do livro, não é minha. É dele. Não há dia em que o Antônio não peça para ler as quadrinhas sobre seres mitológicos e para apreciar as ilustrações. A repetição é tanta que ele já sabe de cor as 38 quadrinhas. A sua preferida é sobre o Dobarchu, um ser da mitologia irlandesa, meio lontra e meio cachorro, que o encantou não apenas pelos versos de sua quadrinha, mas por ser conterrâneo do David, um amigão do Pedro que mora em Dublin. O fato de ele, todas as noites e algumas vezes durante o dia, declamar as quadrinhas do livro, no entanto, não estraga a graça da leitura. Muito pelo contrário! Graças à sua memória de criança, está podendo brincar de ler sozinho. Brincar, isso mesmo, já que ainda não sabe ler! A graça tem sido, todos os dias, antes da minha leitura que ganhou ares dramáticos com a colaboração teatral do Pedro, o Antônio pegar o livro e "ler" sozinho em voz alta. Uma graça! Depois, me pede para ler. Mas sua ansiedade é tamanha, que, se adianta, e "lê" sozinho algumas das quadrinhas. Mesmo sabendo que tudo não passa de uma gostosa brincadeira de faz de conta, fico orgulhosa do meu menino "lendo" sua história favorita. Por essas e por outras, que ficam por conta do talento do escritor e do ilustrador Jean Galvão, só tenho a agradecer a existência de Pé de Cabra, Asa de Sapo. Lamento apenas as falhas da distribuição do livro, que fazem com que o interessado em tê-lo ou comprá-lo para presentear um amigo, como o Antônio já sugeriu, tenha que esperar 10 dias para recebê-lo em compras pelos sites das principais livrarias do Rio. Alô, Ática! Faz isso com a gente, não! Enche as livrarias de Pé de cobra, asa de sapo para divertirmos nossas crianças, com os seres de Rafael e Galvão.
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
A porta aberta pela literatura
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