terça-feira, 12 de junho de 2012
Namoro também é assunto de criança
sábado, 9 de junho de 2012
Irmãos de verdade, no amor e no ódio
Livros para crianças são como livros para adultos. A cada dia que os abrimos, nos surpreendemos com uma nova leitura. É esse o grande barato de quem gosta de guardar seus livros. Poder revisitá-los e ter uma nova emoção, revivendo o que para muitos é um amontoado de papel velho. Assim, tem sido na minha vida e na dos meus meninos. A gente implica com um livro e depois faz as pazes com ele. A gente gosta de algum e um tempo depois, vê que gosta ainda mais. Não foi diferente com Por favor, Eleonor!, de Frieda Wishinsky, editado pela Brique-Book. Eu o comprei para o Pedro, logo depois que o Antônio nasceu, animada com as delicadas ilustrações da canadense Marie-Louise Gay - sou fã dela - e li algumas vezes para ele, que, como eu e o irmão, ama as histórias de Estela e Marcos. O livro foi mais um para o Pedro. Não causou nenhuma emoção maior e acabou rapidamente esquecido na estante. Até que há poucos dias o resgatei das prateleiras para lê-lo para o Antônio. Apresentei João e Eleonor como primos da Estela e do Marcos, parentesco garantido no traço de Marie-Louise Gay e na verdade da relação dos dois irmãos. Esses dados garantiram empatia imediata entre Antônio-leitor-ouvinte e os personagens. O resto ficou por conta da identificação com a história de João e Eleonor. O irmão mais velho passa grande parte da história desejando que a menina, sua imã, caia fora. Como a menina não cai fora, ele passa a desejar que ela seja um cachorro. É quando um estranho cão aparece na história e deixa João desesperado, com medo de seu desejo ter se transformado em realidade. Tenho certeza de que o Antônio sabe bem o que é isso. Sabe também o que é desejar estar perto do irmão mais velho e não ser desejado. Sabe também o que fazer para levar o outro à loucura. Sabe ainda o que é esquecer-se desse desejo quando um amigo aparece. Essa verdade, contida no livro, vale mais do que mil histórias de irmãos fraternos e amorosos para apaziguar os ódios passageiros que só acometem irmãos que se amam. O Pedro, no seu tempo de curtir o livro, ainda não tinha esta experiência com o Antônio, que não passava de um bebê. Agora, com os dois grandes, brigando como João e Eleonor, a história ganhou novo sentido, antes oculto no texto e nas ilustrações. Ganhou o Antônio, que pode ver que ele e o Pedro não são os únicos irmãos a amarem-se no amor e no ódio.
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