Hoje, não vou falar de um livro. Vou falar da
importância deles na nossa vida. Os livros são portas abertas para realidades
distantes, tempos idos e histórias que não são nossas, mas que podem nos
proporcionar experiências inesquecíveis. Mas chegar até eles nem sempre é um
caminho fácil e raramente, solitário. É preciso que nós adultos ajudemos
as crianças a encontra-los, assim, como nossos pais e avós nos apresentaram ao
mundo das narrativas orais ou escritas. Em uma infância não tão distante, ouvíamos
histórias inventadas ou passadas de geração em geração e brincávamos com
lengalengas, parlendas, cirandas, advinhas, enfim, uma série de brincadeiras
faladas que nos colocam diante das possibilidades das narrativas e da
língua. Hoje, com a infância vivida dentro de casa, a vida corrida dos
adultos e o desencantamento do mundo, as histórias, cada vez mais, moram nos
livros e nos produtos audiovisuais. Vamos combinar que o que a gente não
precisa é apresentar a TV e o mundo virtual para as crianças, mas os livros
precisam, sim, de uma apresentação. São poucas as crianças que chegam
neles espontaneamente, mas são, ainda em menor número, aquelas que os rejeitam
quando tomam contato com as histórias que cabem neles. Somos nós, adultos, que,
com nossa voz, pequenas intervenções e muita ternura as conduzimos ao mundo das
narrativas. Por isso, nada melhor do que aproveitarmos o Natal, essa festa
de amor e magia, para darmos um livro de presente para as crianças. Você pode achar aqui, no blog, uma série de livros bacanas, além das listas de sugestões para crianças de até cinco anos, de seis a nove anos e com mais de 10 anos. No mais, aproveito para deixar meus votos de feliz Natal e um
2016 cheio de boas novas.
sábado, 19 de dezembro de 2015
quinta-feira, 3 de dezembro de 2015
50 anos riscando a vida
Hoje acordei com 50 anos. Levantei cheia de sono, querendo dormir mais, mas levantei rápido o suficiente para agarrar a vida com a pressa de quem acredita estar apenas no meio do caminho. E para celebrar essa data, nada melhor do que lembrar o meu poeta preferido, falando com a justeza dos céticos sobre as possibilidades da vida.
"Nunca pensei que tal mundo
com sermões implantaria.
Sei que traçar no papel
é mais fácil que na vida,
Sei que o mundo jamais é
a página pura e passiva.
O mundo não é uma ilha
de papel, receptiva:
o mundo tem alma autônoma,
é de alma inquieta e explosiva.
Mas o sol me deu a ideia
de um mundo claro algum dia.
Risco nesse papel praia,
em sua brancura crítica,
que exige sempre a justeza
em qualquer caligrafia:
que exige que as coisas nele
sejam de linhas precisas
e que não faz diferença
entre a justeza e a justiça."
Trecho de "O auto do Frade", de João Cabral de Melo Neto
"Nunca pensei que tal mundo
com sermões implantaria.
Sei que traçar no papel
é mais fácil que na vida,
Sei que o mundo jamais é
a página pura e passiva.
O mundo não é uma ilha
de papel, receptiva:
o mundo tem alma autônoma,
é de alma inquieta e explosiva.
Mas o sol me deu a ideia
de um mundo claro algum dia.
Risco nesse papel praia,
em sua brancura crítica,
que exige sempre a justeza
em qualquer caligrafia:
que exige que as coisas nele
sejam de linhas precisas
e que não faz diferença
entre a justeza e a justiça."
Trecho de "O auto do Frade", de João Cabral de Melo Neto
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