domingo, 26 de abril de 2009

O desejo de bem viver nos desenhos de Marlowa

Olha que legal que ganhei da ilustradora Marlowa: um conjunto de lindos cartões e um carinhoso bilhete que compartilho com vocês, além do livro O verdadeiro tesouro de Carla, ilustrado por ela, com texto de Luciara R. Da Silveira Pereira, que conta a história de uma menina iludida pelo consumismo. O presente, acreditem, me foi dado por sorteio - olha que sorte! - em que seu filho Enrique colocou a mão no saco e saiu meu nome e de uma amiga espanhola de sua mãe. Eu a Marlowa não nos conhecemos pessoalmente, mas estamos mantendo contato virtual desde que ela descobriu o meu blog na internet. Ao retribuir sua visita, tive a bela surpresa de deparar-me com seu blog (http://marlowa-marlowa.blogspot.com/). O desenho de Marlowa é delicado e expressivo e, tenho certeza, vai fazer muitas mulheres da minha idade se lembrarem dos dias em que, meninas, sonhavam com uma casa no campo e roupas feitas a mão. Enfim, de um tempo em que os sonhos eram apenas o desejo de bem viver.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

É o Bicho faz um gol de placa

O ilustrador Guto Lins fez um gol de placa com É o Bicho Futebol Clube, da Ediouro. O livro, com exatas 11 páginas, apresenta um a um os jogadores do escrete do time formado por bichos. Cada um deles - avestruz, cobra, hipopotamo e leão só para falar de alguns - tem uma qualidade no time. Os desenhos vigorosos e o texto bem humorado de Guto Lins garantem o sucesso do livro com a meninada, que, aqui em casa, só pensa em bola e em futebol. Isso mesmo, o livro agradou ao Pedro, com sete anos, e ao Antônio, com dois. Além disso, o autor presenteia as crianças com as ilustrações para elas criarem um time de futebol de botão com sucata, além de uma enorme lista com os nomes de craques que, nos tempos atuais, são parte de um passado remotíssimo, como Garrincha, Rivelino e Eusébio. Vale a pena procurar pelo livro, já que o título não é figurinha fácil nas livrarias.

domingo, 19 de abril de 2009

Um cãozinho encantador


Encontrar livros ricos de significado que sejam adequados para os pequenos é uma tarefa difícil. Mas de vez em quando dou a sorte de deparar-me com um bom título, como o Noite de cão, da ilustradora Graça Lima, editado pela Paulinas. Que belo livro! Que cãozinho encantador! Aquele pequeno basset hound incansável em sua aventura com a lua arrebata qualquer um. Na contra-capa, a autora conta que desejava brincar com a expressão noite de cão ao imaginar como ela seria vivida por um verdadeiro cachorro. O cãozinho de sua história cria uma enorme confusão com a lua, mas no fim tudo se ajeita. A idéia é o máximo e seu desenvolvimento é super criativo. Não a toa o livro ganhou o prêmio Jabuti, em 1992. O Antônio adorou ouvir minha versão da história contada pelo expressivo desenho de Graça Lima, sem uma linha de texto sequer, e eu adorei brincar de co-autora. Foi uma experiência tão bacana que resolvi mandar o livro para a escola para, assim, o Antônio poder vivê-la com a Fafá e seus amiguinhos.
Em tempo: O livro não serve apenas para os pequenos. É um livro para todas as idades.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Livro de menina para encantar mulheres

Outro dia fui comprar um livro para dar de presente para uma amiguinha do Pedro e tive uma bela surpresa. Vida de Boneca, de Luciana Rigueira, com as ilustrações delicadas de Elizabeth Teixeira, editada pela Paulinas, é livro de menina e foge da temática princesas e fadas. Eu que não tive a minha Branca e já me desfiz das minhas bonecas, fiquei até emocionada lendo, na livraria mesmo, o texto da minha xará Luciana sobre a boneca que passa de uma menina crescida para uma menina pequena. Lembrei do meu boneco preferido - o Marco Antônio - um francesinho, dado pela minha tia-avó Ana Maria, que era lourinho de cabelos cacheados, tinha olhos azuis e bochechas rosadas. Ele foi o único brinquedo do qual não me desfiz e ficou rolando na casa da minha mãe por anos, até que, um dia, o meu cachorro, Travolta, deu uma roída nas mãozinhas fofas dele. Fiquei em choque como nos dias em que meus irmãos o amarravam na corda da cortina e o jogavam, simulando um balanço, na parede. O Travolta tinha que ter escolhido logo meu boneco! Mas salvo da fúria de cachorro bebê, o Marco Antônio ainda ficou comigo por muito tempo até que, um dia, sem que eu percebesse, sumiu. Para seu lugar chegaram o Pedro e o Antônio, os dois de cabelos cacheados, um moreninho, outro lourinho, de olhos furta-cor e bochechas rosadas. Sempre que lembro do Marco Antônio, penso na coincidência de meus filhos serem tão parecidos com ele.

terça-feira, 14 de abril de 2009

O ritmo da fala do matuto

Eu gosto muito desta história. O bem com o bem se paga, recontado por Edgard Romanelli e editado pela Moderna, tem o ritmo do falar do matuto, de um brasileiro da roça. Um falar que a gente não vê mais por aqui, mas que ecoa até hoje na memória da minha infância vivida parcialmente em Tebas. A roça da minha história tem uma praça e duas ruas principais - uma para cima e outra para baixo - uma igreja, um campo de futebol, uma cadeia, um grupo escolar e uma biblioteca. Biblioteca fundada pelo tio Knnaip, um farmacéutico perdido no interior de Minas Gerais que se achou nos livros e na vontade de partilhar-los com o povo de lá. Uma bibioteca que me ensinou o prazer de ler e de jogar conversa fora sentada na calçada, protegida pela sombra e o aroma de uma árvore de jasmim. O Pedro, que nem sonha com a minha história, também ama a aventura do matuto que salva a onça e por pouco não acaba servindo-lhe de almoço. Até o Antônio encantou-se com a expressividade da onça, traçada por Alberto Nadeo, e prestou a pouca atenção que tem na última leitura que fiz do livro para o Pedro. Foi a primeira vez que li para os dois antes de dormir. Foi um prazer enorme, mas é claro que nenhum dos dois pregou o olho.

domingo, 5 de abril de 2009

Medos em uma noite escura

Nas minhas andanças pela rede acabei descobrindo um bom lançamento que, além de nos trazer uma nova história, nos apresenta a uma nova autora. É Noite escura, da escritora e ilustradora francesa Dorothée de Monfreid, editado pela Martins Fontes. Ela escreve sobre um menino, Fantino, que está sozinho em uma floresta. É noite e ele está com medo. Ao ouvir o primeiro barulho, Fantino aparavorado depara-se com um lobo. É quando, para sua sorte, encontra um esconderijo. De lá ele vê uma sucessão de bichos, cada vez mais assustadores, chegando e deixando os outros também apavorados. Apesar ter uma estrutura já conhecida e usada por outros autores, como Ruth Rocha, em Quem tem medo de Monstro, pela Editora Global, a história é muito legal. Dorothée encontrou originalidade em seus desenhos vibrantes e no desafio enfrentado por Fantino. O Pedro adorou a esperteza do menino e de seu amigo coelho para enfrentar tantas feras e tanto medo. Vivas para Dorothée que estará no Rio, em junho, para o 11º Salão da Fundação do Livro Infanto-Juvenil.

sábado, 4 de abril de 2009

O Rio está carente de leitura

Andei fuçando na rede para ver se descobria atividades no Rio em comemoração aos dias Internacional do Livro Infantil, na quinta-feira, e Nacional do Livro Infantil, no dia 18, e infelizmente só achei contações de histórias na Biblioteca Infantil da Casa de Rui Barbosa, em Botafogo, e na Biblioteca do Estado do Rio de Janeiro. Já em São Paulo achei eventos bem mais criativos, com a presença inclusive de autores importantes de nossa literatura infanto-juvenil, como Tatiana Belinsky. Pobre do Rio... Nossos governos continuam tratando o livro como um objeto morto e de costas para a fantasia da criançada. Não a toa, neste país, a leitura ainda é um luxo. Como fazer nossas crianças tonarem-se leitoras se não há quem se interesse em apresentar o mundo dos livros para elas. Enfim... coisas do nosso decadente Rio de Janeiro. Mas nestas andanças virtuais acabei descobrindo que o 11 Salão da Fundação Nacional do Livro Infanto-Juvenil será realizado este ano no Galpão da Ação da Cidadania, na Gamboa, e gostei. O galpão é enorme, o que resolve o problema que havia na tenda do MAM de falta de espaço. Espero também que a organização promova umas atividades legais para que o salão, entre os dias 10 e 21 de junho, não se resuma a uma feira de livros. Nossas crianças merecem um evento criativo para incentivar a leitura.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Um leão malvado e um carneirinho esperto

Hoje, contei a primeira história de verdade para o Antônio, meu bebê, e ele ficou amarradão. Digo história de verdade por Leônidas e os carneirinhos, de Pierre Cornuel, editado pela Caramelo, ser um livro para crianças pequenas, mas sem os atrativos comuns nas edições para bebês, como texturas e sons. Leônidas é uma fábula em que um leão malvado engana carneirinhos inocentes. Mas, como toda boa fábula, o bem derrota o mal. Tomás, um carneirinho esperto, acaba descobrindo as malvadesas de Leônidas. Mas o melhor do livro são as ilustrações super bem humorados do francês Pierre Cornuel. Leônidas tem una juba de maluco-beleza e os carneirinhos são bem criancinhas. Ao fim da história, o leitor ainda é convidado a descobrir onde está o leão que fugiu desfarçado. Uma diversão para meu bebê e o irmão dele, um molecote de sete anos e ainda muita infância pela frente.