sexta-feira, 19 de junho de 2009

Para onde vamos após a morte?

Acho que ainda é cedo para eu me sentir segura de que o Pedro tornou-se de fato um leitor. Mas digo que já vejo fortes indícios de que os livros fazem parte da vida de meu filhote. Acredito, sinceramente, que ele já tem prazer genuíno ao manusear os livros. Tanto é que, a seu pedido, eles ganharam um lugar privilegiado no quarto que divide com o Antônio. Os livros estão dispostos na primeira prateleira da estante e os brinquedos, na segunda. Ontem, quando cheguei com novidades do 11º Salão da Fundação Nacional do Livro Infanto Juvenil, no Galpão da Cidadania, na Gamboa, ele me falou que não devíamos mais comprar livros, porque estava acabando o espaço na estante. "Tudo bem. Não compramos mais", assenti. "Não, por favor, não", recuou rapidamente, me confessando que adora quando trago uma novidade. Mas nem todas o deixam feliz. Foi o caso da Preciosa pergunta da pata, da escritora belga Leen van den Berg, ilustrado por Ann Ingelbeen e publicado pela Brinque-Book. Tadinho do meu menino, chorou tanto quando percebeu que a pata tinha perdido um de seus filhotes que não quis esperar pelo fim do livro, que trata de forma lúdica e com alegres ilustrações a curiosidade de todos nós sobre para onde vamos após a morte. "Deve ser horrível perder um filho", disse aos prantos. Em minha tentativa de conversar com ele sobre o medo que a morte lhe impõe, percebi que na verdade ele temia, naquele momento, não a dele ou do irmão, mas a minha. Com o coração apertadinho fui falando que não morreria tão cedo e que, quando este dia chegasse, eu estaria tão velhinha que ele já teria aproveitado muito de mim para ter lembranças de sua mãe para o resto da vida. "Meu filho, quando este dia chegar, você já estará grande, terá seus filhos e terá muito para se lembrar de mim. Você não sentirá desespero com a minha morte, apenas saudades. E eu estarei sempre em seu coração". Foi o bastante para ele engulir tanto choro e pedir pelo pai, com quem dormiu em paz, e para eu me sentir confortada em saber que quando morrer vou ficar gravada no coração dos meus meninos.

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