quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Feliz ano novo!

Aproveito estas últimas horas de 2009 para desejar a todos, nesta virada de ano, o renovar das esperanças. Para isso, recorro ao mestre João Cabral de Melo Neto, em o Auto do Frade. " O mundo não é uma folha/ de papel, receptiva:/ o mundo tem alma autônoma,/ é de alma inquieta e explosiva./ Mas o sol me deu a idéia/ de um mundo claro algum dia."

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Um manifesto contra a intolerância

Confesso que nunca imaginei encontrar um livro infantil ilustrado pelo cartunista Jaguar, dono de um desenho irreverente que causou arrepios nos mandões da Ditadura Militar e à primeira vista não tem nada a ver com criança. Mas que nada! A Editora Ática apostou certo ao editar, em 1999, Dois idiotas sentados cada qual no seu barril..., o feliz encontro da maravilhosa Ruth Rocha com o traço de Jaguar. O livro é uma pequena grande obra que revela às crianças o absurdo da intolerância e suas possíveis conseqüências. O Teimosinho e o Mandão travam um áspero e irracional diálogo em torno de uma vela. O detalhe é que os dois estão sentados, cada qual, em um barril de pólvora. A intolerância faz com que eles terminem a história indo aos ares. Como diz Ruth Rocha: "Lá se vão os idiotas: era uma vez um teimoso, era uma vez um mandão..." A força do texto e do traço não deixam dúvidas nos pequenos leitores. A intolerância não traz bom resultado. Que a Ruth e o Jaguar nos contem outra!

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Bebê faz cocô no trono e puxa a descarga

O Antônio ganhou no Natal um lindo livro da minha mãe que vai me ajudar muito na hora de tirar suas fraldas. Cocô no trono, Benoit Charlat, da Companhia das Letrinhas, é grande, interativo, super bem ilustrado e fala direto para a faixa etária dos fraldinhas. Um pintinho muito engraçadinho observa vários bichos fazendo cocô na privada até que resolve, ele mesmo, sentar-se no trono para fazer seu cocozinho. Ao fim, educadíssimo, puxa a descarga provocando um coro de aprovação dos outros bichos que levantam-se em uma página de pop-up. O detalhe é que o pequeno leitor aperta na descarga para ouvir seu som. Sucesso garantido com os bebês.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Marcos e Estela para todas as idades

Uma das tarefas mais difíceis de um escritor - acredito - é falar como uma criança pequena. Pouquíssimos são aqueles que conseguem reproduzir as falas improváveis de uma criança na primeira infância. Marie-Louise Gay, com certeza, é um deles. Sua série de livros sobre os irmãos Marcos e Estela, publicada pela Brinque-Book, é maravilhosa justamente por reproduzir nos diálogos dos dois a ingenuidade das crianças. Um fala com o outro os maiores absurdos com a autoridade de uma criança que ainda não distingue com clareza a realidade da fantasia. Fantasia que faz Marcos acreditar que uma borboleta é azul porque come pedacinhos do céu. Mas engana-se quem pensa que Marie-Louise quis fazer poesia fácil com esta idéia. Marcos estava, na verdade, respondendo à irmã que afirmou que as boboletas amarelas são aquelas que comem mel. As histórias são ainda mais deleciosas quando aparece o Fred, o cachorro de Marcos que, o menino jura, é adestrado. A delicadesa dos livros, ilustrados pela própria Marie-Louise, faz com que a editora os recomende para crianças de dois a oito anos. Mas arrisco dizer que é diversão para todas as idades, afinal quem não gosta de poder lembrar-se de como pensava quando era pequeno.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Para falar de ciência com crianças

Uma das lembranças mais fortes de minha infância é a quantidade de revistas que eu e meus irmãos tínhamos em casa. Eram muitos gibis, que depois de lidos serviam de cadernos escolares para meus ficticios alunos e de novidades em uma banca que montávamos vez em quando no quarto dos meninos. Nós gostávamos de tudo que é revista. Mas não lembro de nenhuma que falasse de curiosidades e ciências ao alcance de crianças. Nossa curiosidade encontrava respostas nas enciclopédias Barsa, Delta Larousse ou Conhecer que, na minha casa, volta e meia ia parar no banheiro. Hoje, as enciclopédias estão fora de moda e a internet vai ganhando espaço como instrumento de pesquisa. Mas nada como manusear um impresso! E quando ele é legal como a Ciência Hoje para Crianças a satisfação é garantida. A revista mensal tem uma pauta que fala de curiosidades científicas ou fatos históricos, das profissões, dos bichos em extinção, de histórias legais com ilustrações bacanas de nossos melhores ilustradores, enfim, uma revista de variedades para crianças que estão sendo iniciadas no mundo da ciência. Tudo isso com o selo da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e um preço bem bacaninha. Para quem quiser saber mais, basta acessar a página http://cienciahoje.uol.com.br/view/418

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

A vida dos animais contada para bebês

Outro dia, na reunião de pais da turma do Antônio, meu caçula, uma mãe falou de sua dificuldade em escolher livros para para seu filho, como o meu, um bebê. Pois é realmente difícil! Como saber o que é legal entre os inúmeros títulos que as livrarias expõem com pouco texto e ilustrações bastante coloridas e chamativas? Pois o que tenho feito é tentar achar algum conteúdo, seja de informação ou afetivo, nos livrinhos que levo para meu bebê. Este Vida de tigre, Editora ABC Press, é um pequeno livro cheio de encanto. O Antônio adora ver o tigrinho na selva, nas florestas geladas, nadando, caçando, carregando os filhotes e, enfim, rugindo. Ele que ainda não fala, arrisca com sucessso um rugido de tigrinho. O título faz parte de uma coleção que conta ainda a vida das vacas, das ovelhas, dos hipopótamos, das zebras e dos pingüins. Tudo bem colorido, como gostam nossos pequenos.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Desconstruindo o lobo





O Pedro, meu filho mais velho, foi um apaixonado por Os três porquinhos. Todos os dias ele pedia para contar a história dos três irmãos perseguidos pelo lobo mau. A repetição era tanta, que comprei mais de uma versão para a história e a usei como tema de sua festinha de três anos. O Pedro, como outras crianças apaixonadas por esta história, tinha um medo enorme do lobo. Afinal, era um lobo muito mau que, em algumas versões, infernizava a vida dos porquinhos e, no original, comia os dois mais novos sem piedade. Mais tarde, desapegado dos porquinhos, ele começou a gostar de histórias de outros lobos. O lobo e os sete cabritinhos também era um clássico aqui em casa, apesar da violência da narrativa que acaba com o lobo jogado no lago com um monte de pedras na barriga. Dá para imaginar o fim trágico do malvado lobo que come os filhos de dona Cabrita. Até que chegou uma hora em que foi necessário desmistificar este tal lobo mau. Há uma série de livros que fazem isso. Mas há dois que valem a pena ser citados. Chapeuzinho Amarelo, do nosso Chico Buarque, ilustrado com maestria por Ziraldo e editado pela José Oympio Editora, e O cuidado com o menino, uma história inglesa de Tony Blundel, traduzida por Ana Maria Machado e editada pela Salamandra. São leituras maravilhosas que mostram que o lobo não é tão poderoso assim. A história de Chico é maravilhosa e leva a criança a perceber que o medo do lobo é fruto de sua imaginação e que, afinal, ele pode não ser tão mal assim. A libertação de Chapeuzinho é contada em versos que, se lidos com vontade, transformam-se em um mantra contra o medo. Para fechar o ciclo dos lobos, vale O cuidado com o menino. É bom mesmo ter cuidado, afinal o menino é tão esperto que faz do lobo faminto gato e sapato. O fim do lobo que se preparava para jantar o menino é surpreendente.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Feliz Natal!


Olha que lindo o cartão de Natal que a Mariana Massarani me mandou! Aproveito o ensejo para desejar a todos um feliz Natal e um belo 2009.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Um banho de imaginação

A ilustradora Mariana Massarani não só tem um belo traço, tem também boas histórias. Banho!, da Global Editora, é um divertido livro em que quatro irmãos - Edson, Edilson, Edmilson e Ednalva - são levados aos tapas para o banho por uma mãe que vira onça. Mas já que o banho é inevitável, que seja divertido. Enquanto Edson, Edilson e Ednalva se imaginam em uma aventura em um rio cheio de botos, piranhas, peixes elétricos, sucuris, Edmilson fica lendo um gibi no vaso sanitário. O banho rola e Edmilson no vaso. O banho acaba e Edmilson no vaso. As crianças vão jantar e Edmilson no vaso. A leitura é muito divertida. Afinal, quem não tem um Edmilson em casa, que parece que vai florir de tão plantado que fica no vaso. Eu e o Pedro rimos muito sempre que o lemos, imaginando quem é o nosso Edmilson. Além de divertida, o livro é uma boa oportunidade para nossas crianças conhecerem um pouco mais a fauna dos rios amazônicos. Nós aproveitamos um dia, depois da  leitura, para pesquisar na internet os peixes brasileiríssimos que as crianças da Mariana imaginam seu banho. Foi divertido ter um primeiro contato com a internet, como fonte de informação. Melhor ainda foi conhecer estes meninos, que se parecem com qualquer um dos nossos filhos, nesta hora tão evitada pelas crianças, mas que, com um pouco de imaginação, se transforma em mais um momento legal da vida. Que a Mariana nos conte outra!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Música para criança que adulto gosta de ouvir

Tem muita gente que torce o nariz quando o assunto é música para criança. Também pudera! A maior parte dos discos gravados para crianças tem uma qualidade musical bastante duvidosa. Mas quem estiver disposto a procurar coisa boa, acha. Este é o caso do Duo Rodapião, formado pelos professores mineiros Eugênio Tadeu e Miguel Queiroz. O repertório do duo é formado principalmente por músicas do folclore brasileiro e europeu, mas foge à obviedade dos discos de cantiga de roda. O Dois a dois, de 1994, e o Murucututu, de 2001, mostram a força da voz e de instrumentos prosaicos e improvisados para fazer uma música vibrante e cativante. O último lançamento do duo foi o Nigun, de 2007, com gravações de canções de várias partes do mundo. A palavra nigun é de origem hebraica, que quer dizer melodia sem palavras. É música para crianças e para adultos, que pode ser encontrada no site da Livraria Cultura.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A viagem surrealista de Veríssimo

Aqui em casa cada um tem seu livro preferido. O meu marido já veio logo cobrando os seus: "Você tem que colocar no blog a dica do Eugênio, o Burro; Borba, o gato; e As aventuras do Avião Vemelho". Os dois primeiros são da genial Ruth Rocha com os desenhos bacanérrimos da Mariana Massarani. Realmente são ótimas leituras. Eugênio é um burrinho bem teimoso, que não quer fazer nada que os pais pedem. Quem não conhece um Eugênio? Já Borba é um gato metido a policial. Ele não se conforma com a interdição do destino que o fez gato e não cão policial e luta até o fim por seu sonho. Um obstinado. O último é do Érico Veríssimo, um dos meus escritores preferidos. Isso mesmo, o Veríssimo pai é autor de seis divertidos livros infantis. A minha edição é de 1983, da Editora Globo, com ilustrações de Vera Muccillo. Mas os livros podem ser econtrados em uma edição recente da Companhia das Letrinhas, com ilustrações da Eva Furnari. As histórias são uma confusão. Com certeza foram brotando da imaginação de nosso genial escritor no momento de colocar os filhos para dormir. São narrativas que misturam várias histórias clássicas e situações domésticas. O herói ou o anti-herói de As Aventuras... é o menino Fernando que pisa no rabo do gato, joga água quente no cachorro e pedra nas galinhas. Enfim, um típico peralta do século passado que se mete em uma viagem surrealista com um urso de pelúcia, um boneco negro e uma lata de biscoito. A bordo do avião vermelho, Fernando transforma-se no Capitão Tormenta. Bom... só lendo para crer em tanta imaginação. O resultado é que Pedro, meu filho, um pouco Eugênio, um pouco Borba e um pouco Capitão Tormenta, acaba sendo vencido pelo sono antes que as aventuras de Fernando cheguem ao fim. Afinal, é um livro de fôlego.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O futuro do planeta está em pauta

Neste momento, na Polônia, autoridades estão reunidas mais uma vez, sob o manto da ONU, para discutir as mudanças climáticas que estão pondo em risco o futuro do planeta. A coisa é séria e nossas crianças têm que ser informadas sobre o problema e educadas para respeitarem o meio ambiente. Uma boa ajuda neste esforço é o livro O que está acontecendo com a nossa terra?, da jornalista Kristina Michahelles, editado pelo IBGE, e ilustrado com a criatividade de sempre da Mariana Massarani. Com a ajuda de um pingüim que veio parar, em 2000, na Praia de Copacabana, Kristina explica para o pequeno leitor o que é o efeito estufa e como o homem pode enfrentar o problema. Além disso, a autora propõe uma série de experiências e passatempos para que os pequenos possam aprender brincando que é necessário preservar a natureza para salvar o planeta. Vale a pena procurar o livro, que está em falta na livraria do IBGE.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Um belo momento para mãe e filho

Mamãe, você me ama?, de Barbara M. Joosse, da Brinque-Book, é um livro para a hora de dormir, com mãe e filho bem juntinhos. É um bom momento para reafirmar este amor enorme que une as mães a seus filhos, mesmo que eles nos levem à loucura em suas tentativas de testar limites e a nossa paciência. Barbara, com a ajuda das ilustrações de sua xará Barbara Lavallee, de inspiração esquimó, encontra uma maneira terna de dizer a nossos pequenos que eles podem nos irritar, nos deixar com medo, tristes e preocupadas, mas que, mesmo assim, nós sempre os amaremos. Esta leitura, com certeza, ajuda nossos filhos a lidar com o medo que toda criança tem de decepcionar a mãe.